Conto: A Florista

Olá, caros leitores e leitoras! Trago-lhes algo leve e deveras romântico. Trata-se de um conto que escrevi para participar do concurso Capricho Fic há alguns anos. Infelizmente, não alcancei boa colocação no mesmo e perdi a oportunidade de ter meu texto lido pela grande Meg Cabot. Ainda assim, guardei-o, pois gostei de escrevê-lo. Espero que também o apreciem. 






A Florista 


Sempre que saía do trabalho, Maurício passava por aquela rua estreita e deserta. Era o caminho mais rápido até a casa onde morava. Um dia, enquanto andava apressado pela calçada, uma linda voz o despertou dos devaneios em que ele estivera absorto. 

– Flores? – ofereceu uma jovem de cabelos longos e louros, as madeixas claras como o dilúculo. 

Ele olhou aqueles olhos verdes e brilhantes. Havia como recusar a oferta da admirável moça? Não, ele não conseguiria. Então, comprou uma tulipa branca, que lembrava a florista de pele alva. 

Durante o restante do caminho, a misteriosa mulher não saiu da mente dele. Ele gravara cada traço daquelas adoráveis feições. E a forma como a moça desaparecera, logo após dar-lhe um “obrigada”, ainda o intrigava. Ela se fora num piscar de olhos. 

No dia seguinte, a florista perguntou de novo: 

– Flores? 

Maurício pediu outra tulipa branca. Mas, desta vez, não levou a flor consigo. Educadamente, estendeu-a à jovem. 

– Obrigada – ela disse e, em seguida, desapareceu. 

Ele observara a florista atentamente antes que ela partisse, e o que vira perturbava-o. Tristeza. Tristeza emanava daqueles olhos, e isso partia o coração de Maurício. 

No terceiro dia, quando voltou a encontrá-la, pediu três flores. Presenteou a moça com as tulipas e perguntou o nome dela. 

– Já tive muitos nomes – a jovem respondeu. – Assim como muitas são as flores em minha cesta. Contudo, para você, sou Prímula – a flor da juventude. 

– O que a entristece? – ele indagou. 

– Sou solitária. Sinto falta de um grande amor. 

E desapareceu. 

Com o passar dos dias, continuou a encontrá-la. Cada vez ele ficava mais apaixonado. 

Algumas semanas depois, tomara uma decisão. Ao encontrar a jovem, ele entregou-lhe um ramalhete com as mais belas flores que encontrara. 

– Eu também sou solitário. Prímula, case-se comigo! Eu te amo! 

– A primavera já se foi – lamentou-se a florista. – Que pena! Se tivesse feito o pedido antes... 

E, no instante seguinte, com o leve soprar de uma brisa de verão, a jovem florista se desmanchou em incontáveis pétalas brancas, que voaram ao vento. 

Todavia, Maurício nunca esqueceu a moça. Após anos, andando pela calçada que evocava tantas lembranças ao homem, ele voltou a captar a voz doce. Só que ela não mais o oferecia flores. Oferecia amor. 

Pasmo, Maurício percebeu que a florista não fora atingida pelo tempo. Lá estava ela, da mesma forma que a vira pela primeira vez. Usava o mesmo vestido rosa claro e florido. 

– Prímula! 

– Agora sou Dália – a flor da união. 

Emocionado pelo reencontro, ele a abraçou. 

– Venha comigo – ela chamou. 

E ele foi. Percorreram lindos bosques e campos floridos durante toda a primavera. Contudo, ao fim da estação, a esplendorosa Dália se desfez em pétalas novamente. Enlouquecido pelo acontecido, Maurício se enforcou com o único vestígio que restara da amada – o vestido rosa. 

Então, a florista – que já fora Prímula, Dália e várias outras flores –, mas que, para Maurício, sempre seria A Florista, correu ao encontro dele. Agora, definitivamente, eles poderiam ficar juntos. Por toda a eternidade.

O que achou do conto? Qual gênero de conto você gostaria de ver aqui? Comente. :)

6 comentários:

  1. Gostei do "dilúculo" :>)... não conhecia a palavra. Aprendi mais uma :>)...
    O Conto? A principio, bonitinho, típico de uma adolescente ansiosa ( e fantasiando) pelo primeiro amor :>)...
    Mas me dê um tempo para absorve-lo melhor...

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  2. Obrigada pelo comentário. O tema do concurso girava em torno de romance e sobrenatural, então tive minha escrita um pouco restrita. E não ficou lá essas coisas, rs. Fazer o quê... tenho muito a aprender ainda.

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  3. Ah, eu gostei tanto! É de uma leveza encantadora, Fah! Parabéns ^^

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  4. Olá, Mah! Que honra!

    Obrigada pelo elogio! Você sabe que sempre significa muito vindo de você. E os seus textos, hein, moça? Parou?

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  5. Minha criatividade é um Movimento Pendular: vai e volta xD Não sei se um blog meu se manteria atualizado.

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  6. Movimento Pendular, kkkk! Você tem tantos textos legais! Se quiser, abro um espaço para eles no meu humilde e insignificante blog.

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